Anedoticos Factos
REAIS de Aluno e Professor
Universitário
Por 1940 e depois 1963
em todo o Portugal
Continental e Ultramarino
para aprovação numa
disciplina
universitária de Engenharia, um aluno
tinha de prestar provas escritas e orais.
Nesses modelos eu tive
professores excelentes
que faziam provas
escritas bem concedidas
e “honestas” orais do
mesmo timbre,
Mas, outros faziam
provas escritas mal
concebidas e
“deshonestas”(com rasteiras para
o aluno reprovar) orais do mesmo timbre.
Em todos os casos cada
prova oral de um aluno
demorava às vezes até
mais de uma hora, o que
só permitia em cada manhã ou em cada
tarde fazer provas
orais a 4 ou 5 alunos. Por isso
os exames finais
ocupavam todo o mês de
Julho. Eu até tive em
Coimbra um professor da
Matemática, um tal Dionísio, que sentado na
sua cadeira “pedestral”
mandava o aluno escrever
no quadro preto a pergunta que lhe queria
fazer sempre do tipo
“deshonesto”, o aluno tinha
de responder numrecibo de papel e que tinha
de lhe ir mostrar. E
ele dizia apenas “errado”, mas
não dizia porquê . Ou dizia “certo” e punha
outra questão que o
aluno tinha de escrever no
quadro e responder da
mesma forma....
Ora, perante as experiências
passadas no meu
caso deveria não só fazer provas escritas
bem concebidas e
“honestas” orais do mesmo
timbre, mas também arranjar forma de reduzir
o tempo das provas. Por
isso “inventei” o que
designei das “provas
escritas-orais” e com
essas eu e um(a)
assistente conseguíamos fazer
numa manhã ou numa
tarde, provas a uns
16 alunos.
Para isso eu costumava
escrever numa folha
de papel branco A4, a lápis umas duas
dezenas de perguntas
que envolviam as matérias
dadas na disciplina não só nas aulas
“teóricas”, mas também
nas aulas práticas, nos
Trabalhos de laboratório e nos problemas
profissionais que
tinham sido mostrados aos
alunos nas visitas de
estudo a obras em curso
nos arredores de
LMarques e nos de Braga.
Discutia o(s) objectivos
de cada pergunta
com o(a) Assistente e
depois disso cortava em tiras
de papel cada pergunta
dando metade
dessas tiras ao(a)
Assitente e eu ficava com a
outra metade.
Depois manda entrar da
sala 8 alunos que diviam
ocupar carteiras longe
umas das outras.
Dava-se uma tira de papel a cada aluno para
ele pensar e resolver a
questão posta,
rascunhando o que
entendesse numa folha
de papel.passados uns
20 minutos eu e a(o)
Assistente íamos ao pé
de cada aluno para ver
e saber das suas
dificuldades e dialogávamos com o
aluno para extrair os conhecimentos que tinha
sobre a matéria.
Escrevíamos na nossa agenda
uma nota sempre
superior a 6 valores.
Dávamos ao aluno outra
tira de papel com outra
questão e seguia-se um
processo igual ao
anterior. Ao fim de
umas 6 questões postas a
o aluno(a), fazia-se a
média de valores a atribuir,
sempre superior a 6
valores.
Sem falta da modéstia,
posso dizer que ainda
hoje os alunos que me encontram no pais ou
fora dele, me saúdam
com entusiasmo.
- Fernando Pereira
Martins.” Cara Linda”
(Oficinas I e II).
O docente de Oficinas
do meu curso de E civil
Eram alcunhado de ” Cara Linda” porque tinha
na face um defeito
devido a alguma cirurgia.
O meu curso resolveu
mudar essa alcunha para
“O Pintam”, porque o ditado
diz “A Diabo não é
Tão Feio, como o
Pintam”. Portanto, “O
Pintam é mais Feio que
o Diabo”. De facto, esse
professor teria sido operado porventura a um
neurinoma do acústico,
e ficou com a cara
deformada.
Exames Orais na
Faculdade de Medicina de Coimbra.
Por 1950 havia um aluno
chamado O Pica que dava
sempre Show nos exames
orais que fazia.
Por isso, eu fui a dois
desses exames orais: Num
deles o catedrático da
disciplina de Anatomia
pôs no écran um osso
chato da omoplata
e perguntou ao examinando: “Qual o nome deste
osso?”
O Pica respondeu: “É um
osso chato, e tão chato
Que vou já embora”. E abandonou a prova.
No outro exame do Pica,
que também era de
Anatomia, o catedrático da disciplina de
Anatomia perguntou-lhe:
“ O que é o «nó vital»”.
O Pica respondeu :
“quase dez Senhor Professor”. O catedrático
respondeu-lhe: “O aluno
não pode continuar
a «asnear», senão
dou-lhe um chumbo» ”.
O Pica respondeu : “ E
um olinho vesgo para
errar a pontaria. Como o aluno respondia
errado
as
perguntas, o professor tocou a
campainha e
chama contínuo, quando contínuo chega, o
professor diz-lhe
trazer um fardo de palha.
E o aluno disse e para contínuo
e para mim um
café!...
Dado o behaviour do Pica
teve que mudar de
faculdade acabou por se
formar na Faculdade de
Medicina do Porto.
Também nos exames orais
que aí realizou, houve
peripécias semelhantes
às de Coimbra,
mas desconheço-as. Só
sei o que ele respondeu,
depois de formado, a quem lhe perguntou
se ia ou exercer a
profissão de médico. O Pica
respondeu :“Vou ser o
médico de uma
fábrica de serração de
madeiras que o meu Pai
tem no Alentejo. Quando algum operário se
há ferir, aplico-lhe
compressas e desinfetantes no
ferimento, e meto-o logo num táxi para a
Urgência de Hospital de
São José em Lisboa.
Mas o Pica tinha
grandes conhecimentos de
Literatura e era um
grande declamador, como
nos revelou no
autocarro em que foi connosco à
cerimónia de casa da
nossa filha Helena na
Igreja do Bom Jesus de
Braga
Peripécia nas provas de
doutoramento de candidato
a doutor em Língua Alemã.
Todas as provas eram na
Sala Grande dos Atos, que
melhor seria chamar-se Sala dos Atos Grandes.
Mas chamava-se porque
havia uma Sala Pequena
dos Atos. Até à época
do Marquês de Pomba.
As provas de doutoramento eram todas
realizadas
nessa Sala Pequena dos Atos, onde não havia
lugar
para o Público.
Os presentes, além dos
arguentes e do candidatado
só havia lugar para catedráticos da
especialidade e
da Universidade de Coimbra.
Eu fui ver essa sala
onde estavam (ainda
estão?) pinturas com os
Retractos dos Reitores desde a fundação da
Universidade de Coimbra a maioria dos quais
(via-se) era Clérigos. O Marquês de Pombal,
ditador, mas Ditador Liberalizante, acabou,
com
esse lugar de realizar provas de doutoramento:
na sala tinha de haver
lugar para assistência de
Público, quem quer que
fosse. Claro, que, nesse
caso, a Sala.
Pequena dos Atos não
tinha capacidade para isso.
tiveram de mandar
construir a Sala Grande dos
Atos, onde eu fui
assistir às provas de um
doutorando que queria
ser Doutor na Língua
Germânica Durante, as provas, a certa altura,
o
arguente perguntou ao
candidato se já tinha
estado na Alemanha. Ele respondeu que não.
Então, o arguente disse-lhe: “Quem nunca ouviu
falar um Alemão, não sabe como é que o
Diabo fala com a Avó
dele”...
Por 1950 quando eu era
estudante da Universidade
de Coimbra, uma boa piada, também
difundida nos cartazes
ostentados nas “Latadas”,
dizia “Três urinóis
para 30 mil pessoas” que
era, de facto uma falha
em Coimbra e em muitas
outras cidades como a de Braga: A faltas
de sanitários públicos.
Nas mesmas “Latadas” havia
observações críticas
em relação ao
recrutamento de alguns
professores. Num
“Grande Painel” lia-se num início
do ano escolar: “Filho
de porco é leitão,
Filho de galo é pinto,
Filho de cavalo é poldro, mas,
em Coimbra, Filho de Lente é Lente.
(Os “Doutores”, com
todas as letras; em Coimbra
São designados
“Lentes”).
Eu sem ser “Praxista”, participei nalguns atos
das praxes coimbrãs desse tempo: -
Como caloiro fui
“mobilizado” para participar num
almoço na “Real
República dos “Rás-Te-Parta”.
Aí o almoço era de bacalhau cozido com
batatas: Naturalmente
que ajudei a
descascar as batatas. A
refeição foi servida aos
circunstantes (eu também) em “penicos” que
só para esse efeito
eram utilizados.
No final também ajudei
a lavar a loiça.
Tudo com dignidade.
Nada tenho a censurar.
As praxes coimbrãs
desse tempo, respeitavam
caloiro e eram de “rito secular”. O palito
métrico na Porta Férrea
era uma delas: O caloiro
tinha de medir a
largura dessa Porta com
um palito e, quando a
contagem estava quase
no fim os “veteranos” diziam-lhe: “o caloiro
enganou-se; tem de
voltar ao princípio”.
Quando os “veteranos”
descobriam que o caloiro
era de “sangue azul”, mandavam-no ir dentro
do páteo cumprimentar a estátua do parente.
Nesse cumprimento, o
caloiro tinha de usar um
Português impecável e
referir factos
históricos autênticos.
Doutro modo seria vaiado pelo
“Veteranos presentes” o
Conselho de Veteranos
da Academia tinha um “Dux Veteranorum»
Chefe dos Veteranos.
Uma outra cena curiosa
a que assisti: Numa manhã
pelas 8h00 eu, como
usualmente ia
entrar da Porta Férrea,
quando o despectivo Archeiro
estava a fechar essa porta, o que era muito
estranho.
Perante a minha surpresa o Archeiro
riu-se e apontou para dentro e para fora
páteo fronteiro à
Biblioteca. Dentro do páteo estava
o Salazar com mais umas duas pessoas
a relembrar a
maravilhosa vista sobre o Mondego e
suas margens que se desfruta daí. Fora
da Porta Férrea estavam
3 grandes “Citroens
Arrastadeira” com
capangas de proteção
Salazar, Pelos fatos
volumosos e negros que
usavam, via-se bem que
estavam munidos de
pistolas metralhadoras.
Para mais os carros
tinham vidros fumados e eram 3, numa se
sabendo em qual deles iria
o BOTAS. Todos os
ditadores protegem as suas vidas, desta ou
por outras maneiras
semelhantes. Ao Salazar até
chamavam o “ESTEVES e
BOTAS” pela simples
razão que nos
noticiários sempres se dizia “Salazar
esteve na cidade XYZ”.
NUNCA se dizia
“estará”
As relações dos
estudantes com os GNRs eram
péssimas. Assisti à
brutalida de uma “carga
de cavalaria” (em
Coimbra a maior parte dos
GNRs andavam a cavalo;
por isso os
estudantes lhes
chamavam “capicuas”= Besta
por cima e Besta por
baixo).