sexta-feira, 11 de novembro de 2022

 

Anedoticos Factos REAIS de Aluno e Professor

Universitário

 

Por 1940 e depois 1963 em todo o Portugal

Continental e Ultramarino para aprovação numa

disciplina universitária de Engenharia, um aluno

 tinha de prestar provas escritas e orais.

Nesses modelos eu tive professores excelentes

que faziam provas escritas bem concedidas

e “honestas” orais do mesmo timbre,

Mas, outros faziam provas escritas mal

concebidas e “deshonestas”(com rasteiras para

 o aluno reprovar) orais do mesmo timbre.

Em todos os casos cada prova oral de um aluno

demorava às vezes até mais de uma hora, o que

 só permitia em cada manhã ou em cada

tarde fazer provas orais a 4 ou 5 alunos. Por isso

os exames finais ocupavam todo o mês de

Julho. Eu até tive em Coimbra um professor da

 Matemática, um tal Dionísio, que sentado na

sua cadeira “pedestral” mandava o aluno escrever

 no quadro preto a pergunta que lhe queria

fazer sempre do tipo “deshonesto”, o aluno tinha

 de responder numrecibo de papel e que tinha

de lhe ir mostrar. E ele dizia apenas “errado”, mas

 não dizia porquê . Ou dizia “certo” e punha

outra questão que o aluno tinha de escrever no

quadro e responder da mesma forma....

Ora, perante as experiências passadas no meu

 caso deveria não só fazer provas escritas

bem concebidas e “honestas” orais do mesmo

 timbre, mas também arranjar forma de reduzir

o tempo das provas. Por isso “inventei” o que

designei das “provas escritas-orais” e com

essas eu e um(a) assistente conseguíamos fazer

numa manhã ou numa tarde, provas a uns

16 alunos.

Para isso eu costumava escrever numa folha

 de papel  branco A4, a lápis umas duas

dezenas de perguntas que envolviam as matérias

 dadas na disciplina não só nas aulas

“teóricas”, mas também nas aulas práticas, nos

 Trabalhos de laboratório e nos problemas

profissionais que tinham sido mostrados aos

alunos nas visitas de estudo a obras em curso

nos arredores de LMarques e nos de Braga.

Discutia o(s) objectivos de cada pergunta

com o(a) Assistente e depois disso cortava em tiras

de papel cada pergunta dando metade

dessas tiras ao(a) Assitente e eu ficava com a

 outra metade.

Depois manda entrar da sala 8 alunos que diviam

ocupar carteiras longe umas das outras.

Dava-se  uma tira de papel a cada aluno para

ele pensar e resolver a questão posta,

rascunhando o que entendesse numa folha

de papel.passados uns 20 minutos eu e a(o)

Assistente íamos ao pé de cada aluno para ver

e saber das suas dificuldades e dialogávamos com o

 aluno para extrair os conhecimentos que tinha

sobre a matéria. Escrevíamos na nossa agenda

uma nota sempre superior a 6 valores.

Dávamos ao aluno outra tira de papel com outra

questão e seguia-se um processo igual ao

anterior. Ao fim de umas 6 questões postas a

o aluno(a), fazia-se a média de valores a atribuir,

sempre superior a 6 valores.

Sem falta da modéstia, posso dizer que ainda

 hoje os alunos que me encontram no pais ou

fora dele, me saúdam com entusiasmo.

- Fernando Pereira Martins.” Cara Linda”

(Oficinas I e II).

O docente de Oficinas do meu curso de E civil

 Eram alcunhado de ” Cara Linda” porque tinha

na face um defeito devido a alguma cirurgia.

O meu curso resolveu mudar essa alcunha para

“O Pintam”, porque o ditado diz “A Diabo não é

Tão Feio, como o Pintam”. Portanto, “O

Pintam é mais Feio que o Diabo”. De facto, esse

 professor teria sido operado porventura a um

neurinoma do acústico, e ficou com a cara

 deformada.

Exames Orais na Faculdade de Medicina de Coimbra.

Por 1950 havia um aluno chamado O Pica que dava

sempre Show nos exames orais que fazia.

Por isso, eu fui a dois desses exames orais: Num

deles o catedrático da disciplina de Anatomia

pôs no écran um osso chato da omoplata

 e perguntou ao examinando: “Qual o nome deste

osso?”

O Pica respondeu: “É um osso chato, e tão chato

 Que vou já embora”. E abandonou a prova.

No outro exame do Pica, que também era de

 Anatomia, o catedrático da disciplina de

Anatomia perguntou-lhe: “ O que é o «nó vital»”.

 O Pica respondeu :

 “quase dez Senhor Professor”. O catedrático

respondeu-lhe: “O aluno não pode continuar

a «asnear», senão dou-lhe um chumbo» ”.

O Pica respondeu : “ E um olinho vesgo para

 errar a pontaria. Como o aluno respondia errado

 as  perguntas, o professor tocou a  campainha e

 chama contínuo, quando contínuo chega, o

professor diz-lhe trazer um fardo de palha.

E o aluno disse e para contínuo e para mim um

café!...

Dado o behaviour do Pica teve que mudar de

faculdade acabou por se formar na Faculdade de

Medicina do Porto.

Também nos exames orais que aí realizou, houve

peripécias semelhantes às de Coimbra,

mas desconheço-as. Só sei o que ele respondeu,

 depois de formado, a quem lhe perguntou

se ia ou exercer a profissão de médico. O Pica

respondeu :“Vou ser o médico de uma

fábrica de serração de madeiras que o meu Pai

 tem no Alentejo. Quando algum operário se

há ferir, aplico-lhe compressas e desinfetantes no

 ferimento, e meto-o logo num táxi para a

Urgência de Hospital de São José em Lisboa.

Mas o Pica tinha grandes conhecimentos de

Literatura e era um grande declamador, como

nos revelou no autocarro em que foi connosco à

cerimónia de casa da nossa filha Helena na

Igreja do Bom Jesus de Braga

Peripécia nas provas de doutoramento de candidato

 a doutor em Língua Alemã.

Todas as provas eram na Sala Grande dos Atos, que

 melhor seria chamar-se Sala dos Atos Grandes.

Mas chamava-se porque havia uma Sala Pequena

dos Atos. Até à época do Marquês de Pomba.

 As provas de doutoramento eram todas realizadas

 nessa Sala Pequena dos Atos, onde não havia lugar

 para o Público.

Os presentes, além dos arguentes e do candidatado

 só havia lugar para catedráticos da especialidade e

da Universidade de Coimbra. Eu fui ver essa sala

onde estavam (ainda estão?) pinturas com os

 Retractos dos Reitores desde a fundação da

 Universidade de Coimbra a maioria dos quais

 (via-se) era Clérigos. O Marquês de Pombal,

 ditador, mas Ditador Liberalizante, acabou, com

 esse lugar de realizar provas de doutoramento:

na sala tinha de haver lugar para assistência de

Público, quem quer que fosse. Claro, que, nesse

caso, a Sala.

Pequena dos Atos não tinha capacidade para isso.

tiveram de mandar construir a Sala Grande dos

Atos, onde eu fui assistir às provas de um

doutorando que queria ser Doutor na Língua

 Germânica Durante, as provas, a certa altura, o

arguente perguntou ao candidato se já tinha

 estado na Alemanha. Ele respondeu que não.

 Então, o arguente disse-lhe: “Quem nunca ouviu

 falar um Alemão, não sabe como é que o

Diabo fala com a Avó dele”...

Por 1950 quando eu era estudante da Universidade

 de Coimbra, uma boa piada, também

difundida nos cartazes ostentados nas “Latadas”,

dizia “Três urinóis para 30 mil pessoas” que

era, de facto uma falha em Coimbra e em muitas

 outras cidades como a de Braga: A faltas

de sanitários públicos.

Nas mesmas “Latadas” havia observações críticas

em relação ao recrutamento de alguns

professores. Num “Grande Painel” lia-se num início

do ano escolar: “Filho de porco é leitão,

Filho de galo é pinto, Filho de cavalo é poldro, mas,

 em Coimbra, Filho de Lente é Lente.

(Os “Doutores”, com todas as letras; em Coimbra

São designados “Lentes”).

Eu sem ser “Praxista”, participei nalguns atos

 das praxes coimbrãs desse tempo: -

Como caloiro fui “mobilizado” para participar num

almoço na “Real República dos “Rás-Te-Parta”.

 Aí o almoço era de bacalhau cozido com

batatas: Naturalmente que ajudei a

descascar as batatas. A refeição foi servida aos

 circunstantes (eu também) em “penicos” que

só para esse efeito eram utilizados.

No final também ajudei a lavar a loiça.

Tudo com dignidade. Nada tenho a censurar.

As praxes coimbrãs desse tempo, respeitavam

 caloiro e eram de “rito secular”. O palito

métrico na Porta Férrea era uma delas: O caloiro

tinha de medir a largura dessa Porta com

um palito e, quando a contagem estava quase

 no fim os “veteranos” diziam-lhe: “o caloiro

enganou-se; tem de voltar ao princípio”.

Quando os “veteranos” descobriam que o caloiro

 era de “sangue azul”, mandavam-no ir dentro

 do páteo cumprimentar a estátua do parente.

Nesse cumprimento, o caloiro tinha de usar um

Português impecável e referir factos

históricos autênticos. Doutro modo seria vaiado pelo

“Veteranos presentes” o Conselho de Veteranos

 da Academia tinha um “Dux Veteranorum»

 Chefe dos Veteranos.

Uma outra cena curiosa a que assisti: Numa manhã

pelas 8h00 eu, como usualmente ia

entrar da Porta Férrea, quando o despectivo Archeiro

 estava a fechar essa porta, o que era muito estranho.

 Perante a minha surpresa o Archeiro

 riu-se e apontou para dentro e para fora

páteo fronteiro à Biblioteca. Dentro do páteo estava

 o Salazar com mais umas duas pessoas

a relembrar a maravilhosa vista sobre o Mondego e

 suas margens que se desfruta daí. Fora

da Porta Férrea estavam 3 grandes “Citroens

Arrastadeira” com capangas de proteção

Salazar, Pelos fatos volumosos e negros que

usavam, via-se bem que estavam munidos de

pistolas metralhadoras. Para mais os carros

 tinham vidros fumados e eram 3, numa se

sabendo em qual deles iria o BOTAS. Todos os

 ditadores protegem as suas vidas, desta ou

por outras maneiras semelhantes. Ao Salazar até

chamavam o “ESTEVES e BOTAS” pela simples

razão que nos noticiários sempres se dizia “Salazar

esteve na cidade XYZ”. NUNCA se dizia

“estará”

As relações dos estudantes com os GNRs eram

péssimas. Assisti à brutalida de uma “carga

de cavalaria” (em Coimbra a maior parte dos

GNRs andavam a cavalo; por isso os

estudantes lhes chamavam “capicuas”= Besta

por cima e Besta por baixo).


Um rei o seu meteorologista


Era uma vez um rei que queria pescar. Ele chamou

 o seu meteorologista e pediu-lhe a previsão do tempo

 para as próximas horas. Este assegurou-lhe que não

 iria chover. A noiva do monarca vivia perto de onde

ele iria e colocou sua roupa mais elegante para

acompanhá-lo. No caminho, ele encontrou um

camponês montando seu gerico que viu o rei e disse:

"Majestade, é melhor o senhor regressar ao palácio

porque vai chover muito". O rei ficou pensativo e

respondeu:

"Eu tenho um bom meteorologista, muito bem pago,

 que me disse o contrário. Vou seguir em frente".

E assim fez. Naquele tarde choveu torrencialmente.

 O rei ficou encharcado e a noiva riu-se dele ao vê-lo

 naquele estado tão furioso.

 O rei voltou todo encharcado para o palácio e 

despediu o meteorologista.

 Em seguida, convocou o camponês e ofereceu-lhe

emprego.

 O camponês disse:

 "Senhor, eu não entendo nada disso. Mas, se as 

orelhas do meu burro ficam caídas e com moscas, 

significa que vai chover".

 Então, o rei contratou o burro.

E assim começou o costume de contratar burros

 para trabalhar junto ao Poder... Desde então,

 eis a razão de burros ocuparemas posições mais 

bem pagas em qualquer governo.

 

TODOS VAMOS ENVELHECER

Querendo ou não, iremos todos envelhecer.

As pernas irão pesar, a coluna doer, o colesterol

aumentar. A imagem no espelho irá se alterar

gradativamente e perderemos estatura, lábios e

cabelos.

A boa notícia é que a alma pode permanecer

 com o humor dos dez, o viço dos vinte e o

erotismo dos trinta anos.

O segredo não é reformar por fora.

É, acima de tudo, renovar a mobília interior: tirar

 o pó, dar brilho, trocar o estofado, abrir as janelas,

 arejar o ambiente. Porque o tempo, invariavelmente,

 irá corroer o exterior. E, quando ocorrer, o alicerce

precisa estar forte para suportar.

Erótica é a alma que se diverte, que se perdoa, que

ri de si mesma e faz as pazes com sua história.

Que usa a espontaneidade para ser sensual, que se

 despe de preconceitos, intolerâncias, desafetos.

Erótica é a alma que aceita a passagem do tempo

com leveza e conserva o bom humor apesar dos

vincos em torno dos olhos e o código de barras acima

 dos lábios.

Erótica é a alma que não esconde seus defeitos, que

não se culpa pela passagem do tempo.

Erótica é a alma que aceita suas dores, atravessa seu

 deserto e ama sem pudores.

quinta-feira, 10 de novembro de 2022

 


Geração à rasca foi a minha

 

Geração à rasca foi a minha. Foi uma geração que

 viveu num país vazio de gente por causa da emigração

e da guerra colonial, onde era proibido ser diferente

ou pensar que todos deveriam ter acesso à saúde,

ao ensino e à segurança social.

Uma geração de opiniões censuradas a lápis azul.

De mulheres com poucos direitos, mas de homens

cheios deles. De grávidas sem assistência e de crianças

analfabetas.

A mortalidade infantil era de 44,9%. Hoje é de 3,6%.

Que viveu numa terra em que o casamento era para

toda a vida, o divórcio proibido, as uniões de facto

eram pecado e filhos sem casar uma desonra.

Hoje, o conceito de família mudou. Há casados,

recasados, em união de facto, casais homossexuais,

monoparentais, sem filhos por opção, mães solteiras

 por que sim, pais biológicos etc.

A mulher era, perante a lei, inferior. A sociedade

 subjugava-a ao marido, o chefe de família, que tinha

o direito de não autorizar a sua saída do país e que

 podia, sem permissão, ler-lhe a correspondência.

Os televisores daquele tempo eram a preto e branco,

uns autênticos caixotes, em que se colocava um filtro

 colorido, no sentido de obter melhores imagens, mas

 apenas se conseguia transformar os locutores em

"Zombies" desfocados.

Hoje, existem plasmas, LCD ou Tv com LEDs, que

custam uma pipa de massa.

 Na rádio ouviam-se apenas 3 estações,  a oficial

Emissora Nacional, a católica Rádio Renascença e o

inovador Rádio Clube Português. Não tínhamos os

Gato Fedorento, só ouvíamos Os Parodiantes de Lisboa,

 os humoristas da época.

 Havia serões para trabalhadores todos os sábados,

 na Emissora Nacional, agora há o Toni Carreira e

os filhos que enchem pavilhões quase todos os meses.

A Lady Gaga vem cantar a Portugal e o Pavilhão

Atlântico fica a abarrotar,mesmo com bilhetes caros!

 Os U2, deram um concerto em Coimbra em 2010,

e UM ANO antes os bilhetes esgotaram.

Qualquer concerto realizado por cantores famosos

estrangeiros, enchem sempre os pavilhões. Há jovens

 fanáticos que vão dormir numa tenda dois antes para

 serem os primeiros a entrarem. Mesmo perdendo um

dia ou dois de aulas ou de trabalho!

As Docas eram para estivadores, e o Cais do Sodré

para marujos. Hoje são para o JET 7, que consome

diariamente grandes quantidades de bebidas, e não só...

O Bairro Alto, era para a malta ir às meninas, e para

os boémios. Éramos a geração das tascas, do vinho

tinto e sandes de courato, das casas do fado e das boîtes

de fama duvidosa.

Discotecas eram lojas que vendiam discos, como a

Valentim de Carvalho.

As Redes Sociais chamavam-se Aerogramas, cartas que

 na nossa juventude enviávamos lá da guerra aos pais,

 noivas, namoradas, madrinhas de guerra, ou amigos

que estavam por cá.

Agora vivem na Internet, da socialização do Facebook,

 de SMS e E-Mails cheios de "k" e vazios de conteúdo.

As viagens Low-Cost na nossa geração eram feitas em

Fiat 600, ou então nas viagens para as antigas colónias

para combater o "inimigo".

Quem não se lembra dos celebres Niassa, do Timor,

do Quanza, do Índia entre outros, tenebrosos navios

em que, quando embarcávamos, só tínhamos uma

certeza,a viagem de ida. Quer a viagem fosse para Angola,

Moçambique ou Guiné, esses eram os nossos cruzeiros.
Ginásios? Só nas coletividades. Os SPAS chamavam-se

Termas e só serviam doentes.

Coca-Cola e Pepsi, eram proibidas, o "Botas", como era

conhecido o Salazar, não nos deixava beber esses líquidos.

Bebíamos, laranjadas, gasosas e pirolitos.

Recordo que na minha geração o País, tal como as

fotografias, era a preto e branco.

A minha geração sim, viveu à rasca. Quantas vezes o

 meu almoço era uma sopa e batatas e uma só sardinha

 (quando havia), e ao jantar, três alheiras davam para

 5 pessoas, era uma sitioterapia com muitas falhas.

 Na escola, quando terminei a quarta classe recebi uma

uma enxada para cavar a horta.

 Hodiernamente vão comemorar os fins dos cursos, para

fora do país, em grupos organizados,

para essa comemoração, tudo é pago pelos paizinhos..

Têm brutos carros, Ipad's, Iphones, PC's. E tudo em

quantidade. Pago pela geração que hoje tem a culpa de

 tudo!
Tiram cursos só para ter diploma. Só querem trabalhar

começando por cima.
Afinal qual é a geração à rasca...?