quarta-feira, 26 de junho de 2024

 E s c r i t o  p o r  u m a  B r a s i l e i r a


(Esta Senhora faz um grande elogio a Portugal. 

Por isso, decidi publicar num dos meus blogues):

Ruth Manus, é advogada e professora universitária

e escreve um blogue num Jornal de S. Paulo

Dentre as coisas que mais detesto, duas podem ser

destacadas: Ingratidão e pessimismo.

Sou incuravelmente grata e otimista e, comemorando

quase 2 anos em Lisboa, sinto que devo a Portugal o

reconhecimento de coisas incríveis que existem aqui,

 embora me pareça que muitos nem percebam.

Não estou dizendo que Portugal seja perfeito.

Nenhum lugar é. Nem os portugueses são, nem os

 brasileiros, nem os alemães, nem ninguém.

Mas para olharmos defeitos e pontos negativos

 basta abrir qualquer jornal, como fazemos

 diariamente.

Mas acredito que Portugal tenha certas 

característicasnas quais o mundo inteiro deveria

 inspirar-se.

Para começo de conversa, o mundo deveria 

aprender a cozinhar com os portugueses.

Os franceses aprenderiam que aqueles pratos com

 Porções minúsculas não alegram ninguém.

Os alemães descobririam outros acompanhamentos

além da batata.

Os ingleses aprenderiam tudo do zero.

Bacalhau e pastel de nata?

Não. Estamos falando de muito mais.

Arroz de pato, arroz de polvo, alheira, peixe fresco

grelhado, ameijoas, plumas de porco preto, grelos

salteados, arroz de tomate, baba de camelo, arroz

 doce, ovos moles.

Mais do que isso, o mundo deveria aprender a se

relacionar com a terra como os portugueses se

 relacionam.

Conhecer a época das cerejas, das castanhas e da

 vindima.

Saber que o porco é alentejano, que o vinho do Porto 

é do Douro.

Talvez o pequeno território permita que os portugueses

conheçam melhor o trajeto dos alimentos até a sua 

mesa, diferente do que ocorre, por exemplo, no Brasil.

O mundo deveria saber ligar a terra à família e à~

 história como os portugueses.

A história da quinta do avô, as origens transmontanas

 da família, as receitas típicas da aldeia onde nasceu

 a avó.

O mundo não deveria deixar o passado escoar tão

rapidamente por entre os dedos.

E se alguns dizem que Portugal vive do passado, eu

 tenho certeza de que é isso o que os faz ter raízes tão 

fundas e fortes. O mundo deveria ter o balanço entre a

 rigidez e afeto que têm os portugueses.

De nada adiantam a simpatia e o carisma brasileiros se

 eles nos impedem de agir com a seriedade e a firmeza

que determinados assuntos exigem.

O deputado Jair Bolsonaro, que defende ideias piores

 que As de Donald Trump, emergiu como piada e hoje 

se fortalece como descuido no nosso cenário político.

Nem Bolsonaro nem Trump passariam em Portugal.

Os portugueses - de direita ou de esquerda - não riem 

dess e tipo de figura, nem permitem que elas floresçam.

Ao mesmo tempo, de nada adianta o rigor japonês que a

Caba em suicídio, nem a frieza nórdica que resulta na

 ausência de vínculos.

Os portugueses são dos poucos povos que sabem dosar

rigideze afeto, acidez e doçura, buscando sempre a

 medida correta de cada elemento, ainda que de forma

 inconsciente.

Todo país do mundo deveria ter uma data como o 25 

de abril para celebrar.

Se o Brasil tivesse definido uma data para celebrar o

 fim da ditadura, talvez não observássemos com tanta 

dor a fragilidade da nossa democracia.

Todo país deveria fixar o que é passado e o que é futuro

Através de datas como essa.

Todo idioma deveria conter afeto nas palavras

 corriqueiras como o português de Portugal transporta.

 Gosto de ser chamada de “ miúda“.

Gosto de ver os meninos brincando e ouvir seus pais

 chama-los carinhosamente de “ putos “.

Gosto do uso constante de diminutivos.

Gosto de ouvir “magoei-te?” quando alguém pisa no

 meu pé.

Gosto do uso das palavras de forma doce.

O mundo deveria aprender a ter modéstia como os

 portugueses, embora os portugueses devessem ter

mais orgulho desse seu país do que costumam ter.

Portugal usa suas melhores características para

aproximar as pessoas, não para afastá-las.

A arrogância que impera em tantos países europeus,

passa bem longe dos portugueses.

O mundo deveria saber olhar para dentro e para

 fora como Portugal sabe.Portugal não vive centrado

 em si próprio como fazem os franceses e o norte 

americanos.

Por outro lado, não ignora importantes questões 

internas, priorizando o que vem de fora, como ocorre

 com tantos países colonizados.

Portugal é um país muito mais equilibrado do que a

média e é muito maior do que parece.

Acho que o mundo seria melhor se fosse um pouquinho

mais parecido com Portugal.

Essa sorte, pelo menos, nós brasileiros tivemos

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